Instituição tem apenas R$ 3 bilhões para disponibilizar este ano; validade dos contratos pré-aprovados está sendo ampliada
A Caixa tem contratos pré-aprovados
de R$
20 bilhões para financiamento da casa própria com recursos da poupança,
mas o total disponível dessa fonte de financiamento para distribuir soma R$ 3
bilhões. Para 'proteger' esses interessados em financiar imóveis com taxas de
juros mais baixas que as de mercado, a instituição está prorrogando esses
contratos pré-aprovados até o final do prazo de validade, chegando até
fevereiro e março de 2025.
"A Caixa estabeleceu novos
limites de financiamento. Como medida de proteção às pessoas (que tem contratos
pré-aprovados) está dando prazo de validade maior para concretizar seus
contratos. Não queremos derrubar as operações em curso", explicou Inês da Silva Magalhães, vice-presidente de
Habitação da instituição.
No mercado, clientes têm reclamado de
atrasos para a concretização dos contratos de financiamento com taxa de juros
de 12% dos recursos da poupança. A Caixa praticamente esgotou a meta de
contratações de R$ 70 bilhões desses recursos para 2024.
Desde o início de novembro, a
Caixa endureceu as regras
de financiamento por conta disso. Os recursos do Sistema Brasileiro
de Poupança e Empréstimo (SBPE), que utiliza os depósitos da poupança, por
exemplo, só podem ser usados para financiar imóveis com valor de até R$ 1,5
milhão.
O valor de entrada exigido do comprador
ficou maior do que antes. O banco só financiará até 70% do valor do imóvel pelo
Sistema de Amortização Constante (SAC). Até outubro, a cota era de até 80% do
valor do imóvel. Já pelo sistema Price, o banco passará a financiar até 50% do
valor do imóvel, ante 70%. O cliente também agora só pode ter um financiamento
ativo pelo banco público.
O banco anunciou as alterações em
meados de outubro, com
a crescente demanda por imóveis no mercado brasileiro e ao maior volume de
saques da caderneta de poupança.
A vice-presidente de Habitação ponderou
que os R$ 20 bilhões de contratos pré-aprovados através de simulação não
necessariamente se materializam em financiamentos, já que é preciso avaliação
do imóvel, se está compatível com a garantia, por exemplo.
Segundo Marcos Brasiliano Rosa,
vice-presidente de finanças da Caixa, cria-se a percepção de que é a Caixa que
tem que dar uma solução para isso usando os recursos do SBPE, dada sua
relevância no financiamento imobiliário (quase 70% de participação). Ele
lembrou que outros bancos também tem esse problema por conta da limitação dos
recursos da poupança.
Brasiliano observou que o funding
(captação de recursos) da Caixa cresceu 18% em 12 meses e 5,6% no trimestre na
comparação com o trimestre anterior, atingindo R$ 1,6 trilhão. O saldo da
poupança se recuperou no trimestre, com alta de 8,1% chegando a R$ 381 bilhões.
A Caixa tem 37,4% do share de poupança.
Alternativas de
funding
A Caixa continua buscando alternativas
para captar recursos para financiar a casa própria, entre elas redução do
depósito compulsório (parte dos recursos que os bancos recolhem no Banco
Central). A caixa defende uma redução de 5%, percentual que segundo o banco não
impactaria na inflação e teria efeito imediato. Mas a decisão não é simples e
depende de aprovação do Conselho Monetário Nacional (CMN). Outras alternativas
de captação no mercado tendem a encarecer o financiamento.
Outras opções, como criar um
papel incentivado para trazer os investidores institucionais, como fundos de
pensão, para o financiamento habitacional também estão na mesa.
"Não tem bala de prata. O
SBPE e o FGTS são duas fontes de financiamento importante, mas dão sinais de
esgotamento. Mas temos que buscar outras alternativas para diversificar o
funding", disse a vice-presidente de Habitação.
Fonte: https://exame.com/mercado-imobiliario/fila-de-espera-para-financiar-casa-propria-na-caixa-chega-a-r-20-bilhoes-e-banco-busca-alternativas/